segunda-feira, 7 de abril de 2008

Santos 2 - Ponte Preta 2

Esse foi o jogo em que trabalhei naquela que foi a última rodada da primeira fase do Campeonato Paulista 2008.

Apesar da equipe do Santos entrar com um time quase que em sua totalidade formado por jogadores reservas (apenas Kleber Pereira atualmente é titular), o alvinegro praiano deu sufoco na Ponte Preta e se não fosse a patinada do Corinthians (mais uma) teria eliminado a alvinegra campineira. Mas como SE não entra em campo, a Macaca está, depois de 7 anos, de volta às semifinais do torneio estadual.

Sabendo da sua obrigação de vitória para não ter que torcer por outros resultados, a Ponte buscou o ataque no início do jogo, sua torcida marcou presença e fez a equipe nao se intimidar na Vila mais famosa do mundo. A Ponte joga em um esquema muito legal de se ver, é o tradicional 4-4-2, mas é o tradicional mesmo, não o que as equipes jogam hoje, com 2 volantes, 1 volante meia e um meia criativo só, a Macaca tem 2 meias de criação, 2 atacantes, 2 laterais que apóiam bem o ataque, é um time ofensivo. Elias, meia direita, pra mim, é a revelação do Campeonato. Renato, meia esquerda, que está fazendo mais sucesso que o companheiro, foi banco do Juventude durante o Campeonato Brasileiro do ano passado, em que o time de Caixas foi rebaixado para a segunda divisão. Será que Renato não poderia ter ajudado o ex-parceiro da Parmalat a se manter na Série A do Nacional?

Infelizmente a Ponte é considerada uma equipe ofensiva. Em 19 jogos tem 36 gols marcados, média de 1.89 gols/partida, o que não é muito, e por isso digo que INFELIZMENTE é considerada uma equipe ofensiva, até porque, com essa média de 1.89 gols/partida, juntamente com o Palmeiras, a Macaca tem o melhor ataque do campeonato. Imagine então a média das outras equipes. Cada ano que passa a falta de criatividade dos técnicos e a falta de qualidade dos jogadores nos impede de ver mais gols nos campeonatos profissionais. A excessiva preocupação com a defesa faz um time com média inferior a 2 gols por jogo ser considerado ofensivo. Talvez por isso, quarta-feira depois do jogo entre São Paulo x Sportivo Luqueño pela Libertadores, Muricy Ramalho, ao ser questionado se a falta de pontaria da equipe tricolor naquela partida (deu 33 chutes a gol e venceu por 1-0) devia-se a ausência de treinamento de finalização, respondeu (bem ao seu estilo carinhoso e educado) que no futebol de hoje só se treina posicionamento e finalização, acho que podemos ter idéia porque o Palmeiras de Luxemburgo está sobrando no campeonato, será que os gols que a equipe alviverde faz tocando a bola com rapidez, de primeira ou no segundo toque, envolvendo o adversário de um lado até o outro do campo, não são treinamentos comandados por Wanderley? Muricy ou errou na sua avaliação ou é mais um treinador mais preocupado em não deixar o adversário jogar, do que ver sua equipe envolver outros times. O SP do ano passado ficou marcado pela solidez defensiva e não pela beleza do seu futebol. É esse o cenário do futebol brasileiro. Técnicos incompetentes e ignorantes que fazem desse esporte artístico algo extremamente chato e sem graça. O público quer ver gol Muricy. Ganhe seu time de 5-4 ou 10-9, o 1-0 entristece o futebol. Bom, voltando, a Ponte realmente busca o ataque, Vicente, lateral esquerdo que veio do Paraná, time em que se destacou ano passado, apóia pela esquerda fazendo boas jogadas com Renato, os volantes, além de experientes, tem o mínimo de qualidade para fazer a bola rolar pelo meio de campo, seja lateralmente ou buscando os meias e atacantes mais próximos do gol adversário.

Os zagueiros são de qualidade duvidosa, assim como a maioria dos jogadores dessa posição no Brasil, mas o esquema bem montado de marcação possibilita a equipe sofrer poucos gols. Falta um atacante mais maduro, matador, de qualidade indiscutível. Vanderlei, que veio da tradicional base da Ponte, podia ser esse homem, mas é extremamente displicente e imaturo. Tem mais qualidade que seus concorrentes no elenco mas mesmo assim é banco.

A força da massa alvinegra e os mais de cem anos de tradição, podem levar a Ponte a uma final de Paulista.

O Santos mostrou bons valores na partida de ontem. Kleber Pereira fez seu gol para tentar se assegurar na artilharia do campeonato, Tabata fez um excelente primeiro tempo, mas caiu muito no segundo. Carleto é um bom latera-esquerdo vindo das categorias de base e o volante Hudson é um belo jogador, de habilidade, bom desarme e marcação. O Santos teve chance para vencer a partida, mas pecou no último passe antes da finalização das jogadas. O mais importante para a equipe da casa nesse jogo foi a demonstração que o futebol ainda é levado a sério.

Vamos as fotos da Vila nesse jogo (lembre-se, clique na imagem para vê=la em tamanho maior):

Jogo interessante para o Santos, principal torcida organizada marca presença no estádio.

Ao fundo, logo abaixo dos refletores, os camarotes. Um deles é de Pelé.

1.500 torcedores da Ponte saíram de Campinas para apoiar a Macaca na Vila.

Faixa colocada atrás do gol que o Santos defendeu no segundo tempo. Está escrito: PERCAM. Esse local é destinado à torcida do Santos. A imprensa esportiva não viu a faixa. Vamos prestar mais atenção, jornalistas.

Torcida da Ponte comemora a classificação depois do fim da partida.

Vila vazia.

Vila vazia 2.

Sala do presidente do Santos, atrás da numerada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não me lembro de ver nos últimos anos no futebol brasileiro um jogador brasileiro que tenha se destacado pela sua habilidade e fizesse uma jogada que decida uma partida. O último que me lembro foi o Ronaldinho Gaúcho, que acabou mesmo surgindo para o mundo no Barcelona. Ela já era um craque no Grêmio e no PSG-Fra, mas seu auge se deu no clube espanhol. Hoje em dia a técnica se prevalece sobre a habilidade. Partidas com mais de três gols de um time está tornando-se raridade. O campeonato brasileiro do ano passado é prova disso. Como foi citado o São Paulo campeão brasileiro se destacou pelo setor defensivo.
Antigamente tínhamos jogadores individuais que se destacavam pela sua habilidade. Rivelino, Sócrates, Rivaldo, Raí, Zinho, Zico, Careca entre outros, eram jogadores que não tinham medo de dar um drible pensavam na hora de fazer uma jogada e decidiam uma partida. O futebol brasileiro hoje, é um mero negócio onde os clubes brasileiros não passam de preparação de atletas para os clubes do exterior.
Concordo que existem técnicos incompetentes, que tem medo de jogar pra frente até mesmo os técnicos de time grande que escalam três zagueiros cinco volantes e três goleiros para jogar com times medíocres em seus estádios. Mas o que eles podem fazer se os jogadores não ajudam. O único que faz milagre é o Wanderlei Luxemburgo. Se Alex Mineiro estivesse na mão de outro técnico duvido que ele iria fazer tanto gol como tem feito com o Luxa
O futebol só é “perfeito” lá no Rio de Janeiro, onde os times sim, se destacam com goleadas em seus “estádios”, jogam bonito e empolgam os torcedores. Não é a toa que os quatro (Vasco, Flamengo, Botafogo e Fluminense) farão as finas do campeonato carioca. Muito bom mesmo!!!