terça-feira, 4 de março de 2008

Corinthians 0 x Palmeiras 1 - Rodada 12 Paulistão

O Corinthians começou a perder o jogo no final de semana anterior, ao ver Fabinho e Dentinho, talvez seus dois principais jogadores no atual momento, serem suspensos pelo terceiro cartão amarelo. E no domingo, dia 02/03, o Palmeiras fez o que tinha que ser feito, venceu um time que entrou para jogar pelo empate. Desde que eu me entendo por gente que eu ouço: “time que entra pra empatar, perde”, é, perdeu. E quer saber minha opinião? Tinha mais é que perder, mesmo se o Palmeiras não tivesse sido melhor durante a partida, pelo menos não entrou para empatar.

Você, que gosta de futebol, tem coisa mais nojenta do que um time que entra em campo para empatar?

Bom, como eu disse, o alvinegro, ao perder Fabinho e Dentinho suspensos contra a Ponte Preta, começou a ser derrotado pelo Palmeiras. Opa, mas como assim, se nem havia entrado em campo? Verdade. Desculpe a falha. Começou a ser derrotado por si próprio. Afinal, um time que contratou 15 jogadores não tem peça de reposição para o ataque e para o meio? Para o meio de campo até tem, mas para o ataque... Ahh o Acosta estava suspenso. Mas será que ajudaria? Me recuso a lembrar do Acosta apenas pelo jogo da Ponte Preta, em que muitos dizem que ele apresentou um ótimo futebol só porque empurrou duas bolas para o gol da macaca. Como dizem por aí, ‘até minha avó faria’.

Para a vaga de Fabinho, Mano escolheu Perdigão, era o óbvio (óbvio e nao Bóvio) e, pra mim, o correto. No lugar de Dentinho, Mano escalou o meia Diogo Rincón para estrear e liberou Lulinha para jogar mais avançado. Desde o início o Corinthians pareceu um time que não queria muito jogo. Estava preocupado em ver o tempo passar, havia entrado em campo para se defender e garantir o 0x0, mantendo seu arqui-rival 4 pontos atrás e distante da classificação. O Palmeiras sabia que não vencer esse jogo seria bastante ruim e complicaria a luta pela vaga na segunda fase, ganhar, significaria entrar na luta por uma das vagas das semifinais.

O alvinegro foi para o jogo com três zagueiros, dois laterais (não, não eram alas), dois volantes, dois meias e um atacante. Luxemburgo mandou sua equipe a campo no esquema que o consagrou, o 4-4-2 em que os 4 do meio campo formam um losango. Leo Lima pela esquerda, Wendel na direita, Pierre a frente da zaga e Diego Souza solto no meio campo. O jogo começou e o panorama era o que já dava pra esperar. Corinthians recuado, esperando o Palmeiras e o alviverde tentando atacar a bem postada zaga corinthiana. Aos 15 minutos, depois da contusão de Bruno Octavio, Mano parecia que tinha percebido que precisava igualar o jogo no meio campo, e que assim, era até possível sair com uma vitória. É, parecia. Carlão chegou a atuar por uns 2, 3 minutos como volante, mas logo voltou a zaga. Nesses 2, 3 minutos o time do Parque São Jorge conseguiu sair com mais qualidade para o ataque, mas foram apenas 2 ou 3 minutos. Ganhando o meio campo o Palmeiras dominou as ações do jogo, tomou alguns sustos em contra-ataques, mas parecia que sabia que em algum momento faria o gol.

O time de Mano Menezes por muitas vezes errou posicionamento, passes que um jogador profissional não pode errar e pagou o preço. Se o time joga com 3 zagueiros e André Santos é ala, ele é ala, não meia. Quando o time ataca, André se esconde na meia ofensiva. Na entrevista coletiva após a partida, Mano disse que o time adversário marca com dois jogadores nas laterais, normalmente um dos laterais e um dos volantes, mas sabe-se também que um bom ataque começa a se desenvolver pelos lados do campo, afunilando ao chegar perto do gol, afinal, é perto do gol que a defesa tem mais cuidado e o gol fica centralizado na linha de fundo. Ou não? Quando tinha a posse da bola, nem virar o jogo o Corinthians conseguia, ao contrário do Palmeiras, que trabalhou a maior parte do tempo virando o jogo da esquerda para a direita e vice versa. Até que entraram Kleber e Denílson, fazendo o alviverde aproveitar os espaços nas costas de Carlos Alberto e aproveitando a maior mobilidade que Kleber tem em relação a Alex Mineiro.

As duas equipes ainda tem muito o que acertar. Luxemburgo parece querer começar a encaixar o 4-4-2 losango no Palmeiras, mas terá que saber que precisará de Martinez do lado esquerdo do campo, jogador com bom passe, boa visão de jogo, boa subida ao ataque e boa cobertura defensiva. Dadas as devidas proporções, repito, dadas as devidas proporções, o Palmeiras de hoje pode jogar como o Corinthians do fim do Brasileiro de 98, que tinha Rincón, Vampeta, Ricardinho e Marcelinho no meio campo losango. Pierre na de Rincón, Leo Lima fazendo as vezes de um Vampeta, Martinez de Ricardinho e Diego Souza de Marcelinho. É um time ofensivo, que talvez se trocasse Leo Lima por Diego Souza e Diego Souza por Leo Lima, desse mais certo. O ataque tem 2 vagas. E 3 bons jogadores. Valdivia, Alex Mineiro e Kleber. O chileno é absoluto. E talvez, depois de 5 anos esperando o tão sonhado camisa 9, ao contratá-lo, ele fique no banco. Não pela qualidade, mas pelo estilo. Porque Kleber vai casar muito mais facilmente com esse time de bastante movimentaçã. Luxemburgo deu a deixa ontem, ao final do jogo, dizendo que seus times raramente tiveram um ‘poste’ no ataque como referência. Alex não é um poste, mas Kleber se mexe mais do que ele.

O Corinthians ainda vive o dilema de esperar por um meia armador, ou seja, um Roger. É. Um Roger. Ou existe algum outro meia armador que pudesse estar alimentando o ataque alvinegro? Alex? Caro demais. Douglas? Caro e sem a mesma qualidade de Roger. Mas tudo bem, um dia o alvinegro enxergará que o São Paulo, maior vencedor do futebol brasileiro nos últimos anos, não teve nenhum armador como esse que o Corinthians tanto ‘precisa’. Bruno Octavio, Fabinho, Everton e Diogo Rincón. Coloque a bola no chão, aproxime Everton de André Santos, Diogo de Carlos Alberto (ou Alessandro) e Fabinho, deixe Dentinho flutuar pelas duas laterais. Time rápido, de bons passes, boa movimentação, treine jogadas de ultrapassagem. Dá certo. Já vimos isso em dois jogos. Basta querer enxergar.

E pra finalizar. Mano, figura que eu admiro muito, que fique claro, chegou a Fazendinha dizendo que ia resgatar o esquecido ‘estilo corinthiano’, de raça, de luta, de fibra, de missões impossíveis. A luta existe, porém, com um time bom ou péssimo, a luta alvinegra sempre foi para vencer, na marra, no suor, na camisa e não para não perder.

Um comentário:

Renato Jureidini disse...

Realmente o Corinthians apenas se preocupou em defender. Mas acredito que tudo isso está dentro de um planejamento de médio prazo do Mano. Os técnicos gaúchos fazem isso com sucesso. Assumem um time, arrumam a defesa, dão moral para os jogadores e só então pensam em como formar um ataque mais efetivo. Não podemos crucificá-lo pois nas duas rodadas anteriores o time ganhou jogando assim. E quando ele puder contar novamente com Finazzi, as coisas poderão melhorar bastante. Não há motivo para pessimismo.